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quinta-feira, janeiro 08, 2004

A norma(l) Natal

O espírito natalício é um mero fruto da nossa imaginação. Apesar de a política neo-liberal deste país o tolerar, visivelmente não acredita nele. Para melhor me explicar, deixo aqui uma estória que aconteceu com um amigo meu, que trabalha numa grande empresa para a qual qualquer um está disposto a trabalhar. Na ante-véspera de Natal recebe um ordenado. No dia 2 de Janeiro recebe outro. Pensou: «Porreiro! Pagaram o subsídio de Natal, mesmo não sendo obrigados porque estou a recibos verdes -- essa invenção cavaquista.» Mas o desconfiado amigo não acreditou logo na benesse e não gastou o dinheiro à toa. Esperou para que o "subsídio" fosse confirmado. Afinal, explicou o director financeiro da empresa, houve um engano e fez-se um pagamento em duplicado. Solução: «Nos próximos dois meses recebem só metade do ordenado.» Aceite sem contestação, mas com a tristeza óbvia de quem recebeu um doce depois tirado. «Pensei que podia ser o subsídio de Natal», disparou ainda o amigo. Resposta: «Não é norma da empresa...». Concluindo, que se lixe o optimismo e a boa disposição do Natal mais as resoluções de ano novo. O que interessa é a guita, mesmo que sejam umas míseras patacas no meio de milhões.
Um cão que me salve a vida

Ontem, enquanto retirava as compras da mala do carro, aconteceu-me ser interpelado por um desconhecido. Perguntou-me se eu queria um cão. Respondi-lhe que não. Que não gostava de animais em casa e nem tinha vida para isso. O homem, que parecia não acreditar naquilo que eu lhe dizia, voltou a insistir - «Mas é um bonito cão, não faz mal a ninguém e pesa 18 kg».
Confesso que não percebi o argumento do peso que, para mim, estava longe de ser um argumento de peso; mas face à insistência do homem fui obrigado a endurecer o tom de voz – «Já lhe disse que não quero. Detesto animais em casa. Principalmente cães e gatos». Agastado com a minha resposta, o insistente homem voltou à carga - «Mas os cães são os nossos melhores amigos». «Bom... » - disse-lhe visivelmente irritado - «Cada um escolhe os amigos que mais lhe convém». Foi então que o homem vaticinou - «Um dia um cão vai salvar-lhe a vida». Entrei em casa a pensar naquilo e nem por momentos me ocorreu perguntar-lhe: se um cão é uma coisa tão boa, por que razão ele mo queria dar?

Eco Ponto

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